Cozinha da Matilde

Vitrolinha – Blogagem Coletiva Great Britain Rocks

“Este blog é parte da blogagem coletiva Visit Britain “Great Britain Rocks: O som que me faz viajar”. Os posts, baseados em sonhos ou lembranças, mostram a influência da música quando decidimos por a mochila nas costas e explorar lugares. Leia mais viagens musicais no blog da Visit Britain.”

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A primeira vez que pensei em estudar história oral, ramo da história que estuda o tempo presente utilizando entrevistas gravadas como uma de suas fontes, foi depois de ler “Mate – me Por Favor”, de Larry “Legs” McNeil e Gilliam McCain. O livro conta através da história oral, como surgiu o Punk nos anos 70, e tudo o que foi armado desde a Factory de Andy Warhol até o Max’s Kansas City nos anos 60 e 70, chegando ao Reino Unido no fim dos anos 70.

Bom, influência influenciadora, hoje estou quase terminando o mestrado (o prazo, não a dissertação) sobre a história de vida de mulheres que usaram a migração para de alguma forma se empoderar.

E quando li o livro, em 2000, eu tinha acabado de ver na mostra de cinema o filme The Filth and the Fury (Lixo e a Fúria), documentário sobre o Sex Pistols,

e não só tomei partido do movimento iniciado pelo Malcolm McLaren no Reino Unido, como comecei a fazer o balanço dos meus discos e cheguei a conclusão que eu gostava mais da música produzida lá na terra da rainha Elizabeth, do que da terra do Tio Sam.

Desde pequenininha eram os caras de Liverpool que tocavam em casa, e que só para deixar na esfera pessoal, me influenciaram e nunca saíram do top 5 bandas preferidas:

Os Beatles consagraram a British Invasion no meio dos anos 60 com ninguém mais que Rolling Stones, e mostraram que tava na vez da combinação da cultura rock/pop britânico influenciarem o mundo. Os Rolling Stones vieram com um formato mais ousado, misturando música negra e oriental.

Dispersa que eu sou, incluo aí na lista da invasão britânica a Dusty Springfield, que foi parada de sucessos na época. Ela teve uma parcela de responsabilidade na cena Soul, não só na Grã-Bretanha, e o Quentin Tarantino a resgatou em Pulp Fiction.

A lista de favoritos é gigante. Tem David Bowie, que mora no meu subconsciente desde o filme Labirinto, e adoro que o nome do meu filho é o mesmo do astronauta do Space Oddity (e este vídeo original é demais!)

Tem o Joy Division, do gênio incompreendido Ian Curtis,

E o New Order que seguiu o legado, sem dever nada a ninguém. Inclusive Ceremony, minha preferida, foi escrita pelo Ian Curtis, mas quando eles seguiram com o New Order, refizeram a música, de uma beleza arrasadora. A consagração veio com Blue Monday, hit que eu sempre imagino como o auge da festa

Aliás, Manchester, a cidade das duas bandas, funcionou como um pólo criativo também para o indie rock, numa cena do final dos anos 80 começo dos anos 90 chamada Madchester. Stone Roses, Happy Mondays e cia, fizeram o clube Haçienda lotar. O filme 24 Hour Party People conta deliciosamente esta época.

O estilo que ganha o meu coração até hoje é o indie pop. Quando comecei a ser DJ, queria só tocar indie, e até hoje, nas festas em que eu abuso do gênero, são as que eu mais me divirto.

Original do Reino Unido, tem o The Smiths como um dos seus precursores. Também de Manchester,  a banda do Morrissey, já foi trilha de muitos verões em que eu passava na casa do Pedrovisk, e é talvez um dos grandes responsáveis por eu ter o melhor amigo do mundo. Enquanto o Leme dormia, um apartamento na Rua Gustavo Sampaio ouvia Ask no último volume às 4 horas da manhã.

Ainda no tema, no começo dos anos 2000 fui muito ao DJ Club para ouvir Belle and Sebastian. Aliás no Tim Festival em que eles vieram, eu praticamente flutuei de alegria o show inteiro. Lendo aqui os encartes dos discos desta banda escocesa de Glasgow, não consigo me decidir por uma faixa favorita.

O Gang of Four, de Leeds, é a banda lado B responsável pela existência de bandas como R.E.M., Red Hot Chili Pepers, Bloc Party, Titãs e etc. E tive muita sorte em 2006 de ir à um dos shows mais enérgicos que eu já presenciei.

A lista é muito longa. To aqui me controlando. Mas sei que dá pelos menos uns outros 3 posts.

Inclusive no ano passado, a Letícia queria uma seleção para ouvir e se sentir viva caminhando pela Portobello Road. Mas ao invés de reggae, como Caetano Veloso sugere, ela queria rock. Na verdade era uma missão. Ela me falou: “Má, faz uma seleção de música gringa, de preferência rock, mas tem que ser uma lista que me convença e faça gostar de rock. Se eu não me convencer, eu vou ficar ouvindo só as minhas musicas badaueiras.

Aí me esbaldei! Como ela ia para a Inglaterra, pensei só na fina flor. E foi só colocar nas músicas mais tocadas no meu ipod: Primal Scream, Radiohead, Goldfrapp, Franz Ferdinand, Stereolab… E Hot Chip, estrategicamente. Sabia que ela ia ficar Laid Back, Over and Over!

E quem fica parado?