Cozinha da Matilde

Arroz carreteiro ou Maria Isabel

Receita de Arroz carreteiro do episódio Rio Grande do Sul do programa Receitas Brasil da Sony

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Minha avó sempre fazia esse arroz com carne-seca, que lá pela região do cerrado mineiro/goiano é chamado de Maria Isabel. Eu cresci gostando.

Aliás, se tem uma coisa que sempre rolava em casa, e que é muito comum na região, são esses arrozes feitos com alguma carne, cereal ou vegetal, ou todos eles ao mesmo tempo na panela. São da categoria comida de uma panela só, como o arroz de puta rica, a galinhada ou o arroz com costelinha, que já publiquei aqui.

Esses arrozes remetem também aos arrozes árabes, sírios, libaneses com lentilha, macarrãozinho ou carne moída (que ainda vai virar post aqui, aguardem!), sempre finalizados com muita cebola caramelizada pra fechar a composição de sabores daquelas bandas do oriente…

Mas essa receita aqui eu fiz mesmo foi pra homenagear a gauchada, que ama carreteiro, bah!

É um dos preparos mais queridos de lá, comida linda que eles muitas vezes fazem a partir de sobras de churrasco, mas que originalmente era feito a partir do charque, que os carreteros (condutores de carros de boi ou carroça) levavam consigo para comer ao longo da viagem e que cozinhavam em uma panela só com arroz. Não por acaso, foi o prato principal do episódio dedicado ao Rio Grande do Sul  nos programas  Brazil Cookbook (BBC) e Receitas Brasil (Sony), e a receita você confere agora:

receita

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No Brazil Cookbook e no Receitas Brasil eu segui à risca a receita gaúcha de carreteiro, que fiz a partir de sobras de churrasco. Mas aqui pro blog eu acabei fazendo a receita da minha avó Maria e incluí, como ela faria, jilós para cozinharem junto com arroz e, sobre a panela, uma camada de repolho, que ao final eu reguei com azeite e polvilhei de salsinha; ficou quase uma salada quente, perfeita para comer com arroz…

Ingredientes – 6 porções

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  • 1 kg de sobras de carne de churrasco ou charque dessalgado e cortado em cubos
  • 2 cebolas brunoise (cubos mínimos)
  • 6 dentes de alho brunoise (cubos mínimos) + 8 dentes de alho inteiros com casca
  • 3 pimentas bodinha
  • ½ xícara (chá) de talos de salsinha e de cebolinha laminados finamente
  • 3 xícaras (chá) de arroz lavado até sair a goma e a água ficar clara
  • 3 colheres (sopa) de salsinha laminada
  • 6 jilós partidos ao meio
  • folhas de ½ repolho
  • azeite de oliva
  • sal a gosto

 Modo de fazer

Para dessalgar o charque, deixe os cubos de molho em água dentro da geladeira, durante 24 horas. Nesse período, troque a água no máximo a cada 4 horas.

Sue a cebola, as pimentas e os talos em um fio de azeite com uma pitada de sal.

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1. Junte a carne, doure até formar uma crosta no fundo da panela. Acrescente um copo de água e com ele roube a cor da rapa, deixe ferver, reduzir até formar a rapa novamente. Repita esse processo duas vezes.

2. A carne vai ficar com uma cor linda, cobre escuro, caramelizada, cheia de sabor. Hora do alho ir pra panela: os cubinhos e os dentes inteiros, até suar.

3. Junte os jilós e em seguida o arroz, refogue bem, até que todos os grãos de arroz estejam aquecidos e transparentes.

4. Junte água fria até cobrir o conteúdo da panela e passar um dedo, experimente e ajuste o sal.

5. Com a panela aberta e fogo alto, deixe ferver e reduzir  todo o líquido, até aparecerem os furinhos de calor no arroz.

6. Cubra a panela com as folhas de repolho, tampe, abaixe o fogo ao mínimo (se você tem uma boca mais “lerdinha” no fogão, passe para ela) e se tiver uma chapinha de metal para colocar entre a panela e o fogo, melhor ainda!

E 15 minutos são suficientes! Deixe uma frestinha aberta na panela se você gosta de rapinha crocante…

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Na hora de servir, regue as folhas de repolho com azeite e salpique de salsinha!

Bom apetite!

 Harmoniza com…

Marina viajando novamente… desta vez no México… eita vida dura… a harmonização fica só por conta do Marcelo!

para beber

por
marcelo pedro

Hoje a comida é daquelas que esquentam a alma. Fumegante, sabores intensos e harmônicos, ideal para os dias frios que estão chegando. E como a versão do carreteiro é das bandas dos pampas gaúchos, vou recomendar 2 vinhos tintos de vinícolas gaúchas, a Angheben e Quinta do Seival, da Miolo. A Miolo é uma das maiores vinícolas brasileiras, já com muitos anos de existência, e tem várias linhas, algumas mais simples, mais industriais e outras mais refinadas. A Angheben é bastante jovem, fundada em 1999, e apostou em uma linha mais sofisticada.

Para encarar o arroz carreteiro e o frio, vou indicar 2 vinhos, um de cada vinícola, com pegada portuguesa. Sim, porque como sabem, vinho para beber junto à refeição para mim tem que ser portuga, ó pá! Da Angueben, recomendo o Touriga Nacional, varietal desta casta lusitana, que se adaptou muito bem à região da fronteira com o Uruguai, onde vem sendo produzida. Tem taninos suficientes e persistência para não ser ofuscado pelo prato principal. Da Miolo, o Quinta do Seival é feito com castas portuguesas, Tinta Roriz e a Touriga Nacional. Quando tomei este vinho a primeira vez fui surpreendido, pois a sensação que tive foi de um bom vinho português, daqueles bem encorpados. Mas nada que não vá bem com este delicioso arroz carreteiro.

Então a nossa saúde!