Cozinha da Matilde

Vitrolinha – ooo itamambuca ooo

Na escolinha do Tom, eu me considero uma mãe empolgada. Participo dos eventos, respondo todos os emails, incentivo bate-papos de pais/mães, fico um tempão conversando na porta, adiciono as mães amigas no grupo de mães/pais do facebook, quando toco as/os convido (e às vezes dá certo, né Teresa?). Mas depois que eu conheci a Márcia, encontrei uma concorrente a altura. 

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Nossa empatia foi imediata. E não podia ser diferente, uma mais ‘conversinha’ do que a outra, arranjei mais uma companheira de troca de experiências maternais! Até que resolvemos ampliar a amizade para fora do portão da Catavento e junto com os maridos, fomos na maratona infantil do MIS, apesar dos meninos terem curtido muito mais as carpas no lago. De lá fomos almoçar, e embalada ainda pelo clima de ano novo, falei que em 2013 eu queria ir mais à praia, quem sabe alugar uma casa por ano, e ela disse que tem um esquema super legal com uns amigos em Itamambuca, Ubatuba. Sentindo que a conhecia desde sempre, falei, “poxa a gente podia ir no feriado do aniversário de São Paulo?”, e ela gostou da idéia, mas o Rafa, marido dela talvez ia ter que trabalhar, emendamos outro assunto e deixamos pra lá.

Um dia o Will me manda uma mensagem: “vou tocar na festa do Xavier no dia 26/01”. Antes de ficar pensando que era uma vez um feriado, mandei uma mensagem pra Márcia jogando a idéia de Itamambuca. Na pior das hipóteses, ela poderia falar não. Mas ela falou sim. Não só falou sim, mas já se adiantou e combinou com a Fátima, a amiga dela (que agora é minha!).

Uma semana antes, vendo a reprise do programa do Serginho Groisman, passou uma matéria bem legal de dois caras fazem pranchas de surf como era no começo (ou como aprendi, a chamada pranchas ancestrais). E no vídeo aparece a praia de Itamambuca. “Que coincidência”, pensei. Ao contar para Márcia ela disse: “o Kiko é o marido da Fátima. É na casa dele que a gente vai ficar, e a marcenaria da A Flora onde as pranchas são feitas fica no andar de cima da casa”.  Ok, dizem que nada é por acaso:

Resolvemos viajar na madrugada, para evitar o trânsito e para aproveitar o dia com sol, mesmo o Tomzinho com uma super diarréia, que durou o feriado todo, e o Gabriel com conjuntivite, que só durou aquele dia. Eu e a Márcia não paramos de tagarelar nem um minuto, e só dei conta que a gente não ligou o rádio quando chegamos lá.

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A casa da Fátima é bem grande e estava bem cheia. Fomos percebendo quem eram os hospedes ao longo do dia, mas eu já tinha sacado que tinha uma galera bem jovem transitando por lá. Quase todos os meninos estavam com o cabelo com uma cor muito estranha, um loiro feio, e enquanto tomávamos uma cervejinha durante a soneca dos meninos arrisquei: “vocês estão com o cabelo assim porque vão passar no vestibular e vão raspar, né?” E o Gabriel disse que era mais ou menos isso, e que eles deixaram o blondor menos tempo que o necessário e aí ficou “essa cor de cocô”.

O papo rolava entre eu, a Márcia e o Kiko, até que uma das meninas do grupo, a Amanda, começou a tocar o violão e a Luisa com sua voz doce começou a cantar O Vencedor. Foi tão confortável ouvir essa música, e pensei, “olha o Los Hermanos, é sucesso com a garotada mais jovem”.

E logo em seguida elas emendaram Guiné Bissau, Moçambique e Angola, do Tim Maia. Ô loco, “que pessoal com bom gosto musical”.

Ao todo eles eram em 12, mas um deles foi embora antes da gente chegar. E olha que história legal, foram para lá de viagem de formatura. Na verdade eles fizeram um Lado B da viagem de formatura, pois acharam que não seria tão divertido acompanhar o pessoal do colégio que pagou os olhos da cara para ir para Cancun. Resolveram se cotizar, alugar uma van e ficar uma semana na casa do Kiko e da Fátima, tios da Amanda.

Rá!, eu e a Márcia amamos esta história! A gente até achou que esta seria a nossa turma se estivéssemos no Ensino Médio, mas aí pensamos que na nossa época não só não éramos tão descoladas, nem tínhamos uma turma tão legal, como os três últimos anos eram chamados de COLEGIAL.

A turma também curtiu o Gabrielzinho pelas suas camisetas rock and roll super bacanudas, e o Tom pelos passinhos de dança. O Cauê, que estava lendo Diários de Bicicleta do David Byrne, pirou quando falei que os bebês ficaram dançando no meio do restaurante ao som de Burning Down the House do Talking Heads

Parece que rolou uma história de casamento, entre os namorados da turma, a Julia e o Antonio, mas eu não entendi nada. Só sei que os meninos estavam super arrumados, as meninas com suas saias de flor, e rolou um “super” jantar a base de três molhos e salsichas. Eu, Fátima e Márcia estávamos num papo bom, mas eu fiquei de olho nas músicas que rolavam no Ipod. Chegou uma hora que até parei de prestar atenção na conversa para ter ‘atenção para o refrão’ e ouvir a Gal Costa cantando Divino Maravilhoso:

Acabou a luz e foi a deixa para ir dormir. Mas lá do quarto dava para ouvir a cantoria e quase que fui lá, ainda mais porque estavam tocando Secos e Molhados, Assim Assado, mas ser mãe é limitar um pouco as baladas.

Em outro momento, comendo um bolinho da tarde, o Antonio me perguntou: ‘qual é a sua banda preferida?’ Sem piscar respondi: ‘Pixies’, e só comprovei a teoria de que todo mundo que gosta de Pixies é gente boa! E a Julia pegou o violão e disse que era a única música que ela sabia tocar é Where is My Mind:

Na última noite, percebemos que tinha ido o nosso pacotinho de cerveja, porque como diz o Kiko a cozinha tem gafanhotos. Como a gente não podia revidar acabando com o estoque de salsicha deles, porque somos vegetarianas, nos cotizamos para comprar umas pizzas.

O clima tava tão gostoso, e é claro que  chegamos a fazer o papel de “tias”, ao ficar dando “dicas” como: ‘vá para a Europa se não passar no vestibular’, ‘Skol é melhor que Itaipava’, ‘não compre qualquer coisa porque é mais barato’,e outras coisas do tipo.

E depois de uma sequencia de Comanche, do Jorge Ben:

Bom Senso do Tim Maia:

Tive Razão do Seu Jorge:

Revolution, Beatles:

I Want you Back, Jackson 5:

Só percebi que não era o MEU Ipod quando tocou September do Earth Wind and Fire, porque estes dias eu falei para o Will que precisava ouvir mais esta banda.

Estava num papo delicioso com a Amanda (‘vai pra Europa, mesmo se vc passar no vestibular’), quando o Tom apareceu com o olho fechado pegou a minha mão pra gente ir dormir. Não resisti a fofura e o segui.

O feriado seguiu com várias outras surpresas boas, como encontrar o Fer Eguchi, a Mehiko e o Daiwa no aquario de Ubatuba, mas tudo o que é bom dura pouco.

A volta pra SP foi outra emoção, agora por conta do trânsito, mas fiquei feliz por já ter conhecido a minha melhor amiga primeiro semestre 2013 e porque conhecer esta galera comprovou a teoria que nada acontece por acaso mesmo.