Cozinha da Matilde

Nas alturas

A ultima quinta feira foi o dia de superar medos e limites!

Meus queridos amig@s Débora e Leandro, do Cozinha Pequena, participaram de um concurso de menus para o Dinner in the Sky da Brastemp, levaram o primeiro prêmio e com ele o direito a uma nova subida com 22 amig@s que teriam o privilégio de experimentar em primeira mão o menu campeão! E eu fui premiada por estar entre o seleto grupo dos 22.

Depois de toda esta deferência, como eu iria explicar aos dois que agradecia o convite, mas não iria porque tenho paúra de altura? De mais a mais, que medo pode ser maior que compartilhar alegrias com amigos? Afinal de contas, sou uma mulher ou um prato de papa?

Isso posto, lá fui eu munida de fiapos de coragem, acreditando que ficaria extasiada com a vista e confortada pela comida e companhia… Mas, a medida que subia, meu medo atingia índices alarmantes… e eu durona (pero no mucho), firme no propósito de não amarelar! Queria mesmo enfrentar este medo que me acompanha há tanto tempo… me sentir livre e capaz de fazer coisas que nem em pensamento imaginei fazer.

E porque estou contando tudo isto? Alem do fato de ter vivido a experiência em volta de uma mesa farta, a aventura toda me fez refletir sobre um tema que há tempos quero falar: restrição alimentar!

Para quem, como eu, vive pensando em comida, nada é mais triste que alguém com restrição alimentar. Vira e mexe me pego pensando: como assim, passar a vida privado da delicadeza de um fruto do mar? Do frescor de uma folha verde? De toda a história e cultura quem vêm junto com um portentoso prato de sarapatéu…

Não estou falando sobre pessoas que, por questões ideológicas, não comem determinado alimento, tampouco das que provaram alguma coisa e não gostaram. Estou falando das que nunca experimentaram e dizem de cara que não gostam, que não comem!

O assunto tem tudo a ver com superação. Nossos pré-conceitos de qualquer natureza, entre eles os alimentares, estão ali, juntinho com nossos medos. Todos eles criados em algum momento de nosso processo de interação com o mundo. Não nasceram com a gente, mas com o passar do tempo ficam tão arraigados que  não acreditamos mais em viver sem eles. E assim vamos nos tolhendo e privando de sensações dia após dia…

E no fim das contas, basta a vida da gente para nos impor limites, não é? Pensa aí em tudo que você gostaria de fazer e que até hoje não teve oportunidade, tempo ou grana… essas são fáceis, não é? Pensa agora nas oportunidades de romper limites e pré-conceitos que você deixar passar batido todos os dias…

Para não me alongar (ainda mais) vou me restringir ao tema do blog: o pão nosso de cada dia! Talvez você ainda não tenha tido a oportunidade de participar de um jantar nas alturas, como eu tive, nem de experimentar trufas negras… mas deixa passar todos os dias a oportunidade de experimentar uma série de alimentos, modos de preparo e tipos de cozinhas incríveis por pura acomodação aos sabores que você, há muito tempo, decidiu que gostava!

Diz aí, por onde anda seu espírito aventureiro, sua curiosidade? Quantas vezes ao longo da vida você repetiu o mantra: Não gosto de jiló,  nem de quiabo! –  sem nunca ter experimentado nenhum dos dois?

Para quem mora em Sampa: já foi a feira dos bolivianos que acontece aos domingos no Pari? Já experimentou o churrasco coreano servido em inúmeras casas no Bom Retiro? Já deu uma volta pelo quarteirão de casas do norte em frente ao Largo da Concórdia, no Brás? Já se entregou aos prazeres da comida do sertão pernambucano pelas mãos do Rodrigo, no Mocotó? Isso sem falar nas portinhas da Liberdade e nos empórios libaneses na 25 de Marco… apenas uns poucos exemplos e você deu a volta ao mundo de metrô!

A conversa dá pano prá manga, mas o que eu quero mesmo com este post é te convidar a viver mais intensamente a vida, a experimente mais! Você não precisa escalar o Himalaia ou se pendurar a uma mesa há 45m do chão, mas pode muito bem começar com um simples e saboroso jiló!

PS- Companheiros de subida, valeu pela acolhida e generosidade para com esta amarela que vos escreve! E viva a Litlle Kitchen!