Cozinha da Matilde

Fofurismo: Moquequinha de ovo

Receita de Moqueca de ovo na casca do episódio Bahia do programa Receitas Brasil da Sony

 

O Movimento Fofurista baixou na Cozinha… resolvi fazer uma moqueca de ovo em versão fofa para servir como amuse bouche.

Embora pouco conhecido por essas bandas, um dos pratos que gosto muito da comida baiana é a moqueca de ovo. É muito comum em Salvador, e meus amigos baianos sempre têm lembranças de como sua “mainha” preparava a danada…

Por aqui o conceito, a princípio, soa estranho, mas é bem mais comum que a gente imagina, só que feita de outra maneira: um refogadão de tomate com ervilha, muito cheiro verde e, quando está quase pronto, a gente quebra ovos, polvilha com queijo ralado, tampa a panela e espera a gema chegar ao ponto certo (a gosto do freguês). Minha Tia Regina, de Goiânia, chama essa versão de Colosso, e quase toda casa tem uma similar, excelente para quebrar o galho nos dias de muita pressa e/ou pouca grana.

O diferente dessa aqui é que servi dentro da casca de ovos comuns, de galinha. Uma brincadeira que fiz para começar um jantar cujo tema foi Brasil do Oiapoque ao Chuí. Ficou uma graça, né mesmo?

Como já disse, essa mesma receita pode ser feita em tamanho grande, na panela, para ser servida como prato principal. Para fazer essa aqui, eu reservei as cascas com antecedência (assim que usei os ovos lavei com cuidado as cascas e guardei) e ainda aproveitei a caixinha de papel para servir em lugar de travessa.

Como a ideia era fazer um amuse bouche, usei ovos de codorna, assim a porção ficou exatamente no tamanho de uma bocada, mas funciona também usar apenas a gema de ovo de galinha, mas aí já acho mais adequado para servir como entrada.

Ingredientes (4 porções)

  • cascas de 4 ovos de galinha
  • 4 ovos de codorna
  • 1 tomate sem pele e sem semente cortado em cubos mínimos (brunoise)
  • ½ pimentão vermelho pelado cortado em cubos mínimos
  • ½ cebola pequena brunoise
  • 1 dente de alho brunoise
  • 1 colher (sopa) de azeite de oliva
  • 1 colher (chá) de azeite de dendê
  • folhas de coentro para guarnição
  • 1 pimenta-de-cheiro fatiadinha (opcional)
  • sal e pimenta-do-reino

Modo de fazer

Sue a cebola no azeite com uma pitada de sal. Junte o alho.

Acrescente o pimentão e o tomate. salteie levemente, deixe cozinhar por aproximadamente 2 minutos. Acrescente a pimenta-de-cheiro, desligue o fogo. Reserve.

Em cada casca de ovo disponha uma colher do refogado de tomate e pimentão. Sobre ele quebre um ovinho de codorna e uma gota de dendê.

Disponha cada casca de ovo sobre uma xícara de café para servir de apoio.

Em uma panela coloque 3 dedos de água, deixe ferver e então coloque as xícaras de café com os ovos em cima dentro da panela, e tampe para cozinhar as geminhas com o calor.

Assim que as gemas mudarem de cor e se formar uma película sobre elas, desligue o fogo, disponha uma folhinha de coentro sobre cada uma e sirva imediatamente.

Bom apetite!

 

Harmoniza com… por Marcelo Pedro (No copo) e Marina Novaes (Nas Pick’ups)

Amuse bouche, belisquetes, appetizers, tira gosto. Comidinhas gostosas para comer com as mãos, em coquetéis, em mesas de bares e botecos com os amigos, basicamente desculpa para não beber com o estômago vazio. Se vc for a um bar de tapas, boteco de portuga, ou mesmo em cantinas com antepastos caseiros, de produção própria, é possível substituir a refeição por várias comidinhas, sem ter que apelar pras frituras. Então hoje vou recomendar três bebidas para acompanhar a moquequinha.

Primeiro a mais óbvia, mas nem por isso vulgar, a famosa cervejinha. Como é uma receita de origem baiana, condimentada e apimentada, o que combina mesmo, principalmente se tiver um calorzão é uma boa Lager, como já recomendei as cervejas Checas Pilsner Urquell e Czechvar em outro post. Gosto também das cervejas da Bamberg, que além de uma Pilsen, tem a Helles que é uma cerveja de baixa fermentação da região de Munique, com lúpulo bem marcante e combina bem com petiscos.

A segunda sugestão, principalmente se a moquequinha for servida num coquetel, seria um espumante branco e seco, servido frio e não gelado, que pode ser um prosecco, uma champangne ou, se quiser ser mais original, um vinho verde branco  da casta Alvarinho, que não é espumante, mas é ligeiramente frisante.

E para aqueles que apreciam drinques e coquetéis, sugiro um Kir ou Kir Royal, que são drinques feitos com vinho branco seco ou champagne, com 1/10 a 1/5 de crème de cassis, dependendo do quanto vc aprecia a doçura do licor. Eu prefiro com menor quantidade de cassis, pra ficar menos doce, mas o mais importante, tem que usar um bom vinho e com o licor de cassis francês, nada de xarope imitando cassis.

Salut!

Tenho um amigo português que fala que brasileiro/a tem mania de colocar diminutivo em tudo, o que, segundo ele, deixa as coisas muito mais fofas.  

Verdade ou não, essa moquequinha tá no capricho, com aroma de fofura no ar. E enquanto você vai suando a cebola, ouça “Amarelinha” da banda carioca “Luisa Mandou Um Beijo”. Criado em 1999, como eles falam: “na forma de uma fita demo gravada em uma mesa de 4 canais com vista para o Largo do Machado, no Rio de Janeiro”, eu completo: a base de música gostosa e letras deliciosas, em sua maioria composta pelo guitarrista Fernando Paiva.

Indies mesmo, no sentido de independentes, o último disco, lançado em 2012, foi financiado através de crowdfunding (eu ajudei!) e pode ser baixado inteirinho no site deles.

A música “Amarelinha” é super poética, com quatro versos que te transportam imediatamente ao Rio de Janeiro.

Esse mesmo amigo português, que conheci quando morei nos EUA em 1999, foi que um dia me apresentou a banda escocesa Belle and Sebastian. Na casa que nós morávamos ouvíamos todos os dias o disco Tigermilk (1996).

E a minha faixa preferida é “You’re Just A Baby”, principalmente depois que eles fazem uma paradinha: “…so what’s theeeeeeee reason…”. Recomendo ouvir enquanto se delicia com esse amuse bouche!

Já fui em todos os shows deles aqui no Brasil, e o último foi super especial, fui gravidona de 7 meses. Coraçõeszinhos podiam ser vistos no ar!

Fofurice de vez em quando é muito bom!